CONTINUAR NA MESMA?!

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CONTINUAR NA MESMA?!
Com desconsiderações, mentiras e ataques na Educação?
Recentemente o Ministro da Educação João Costa deu uma entrevista ao jornal «Expresso».
 
Há quatro ideias veiculadas que não podemos deixar de REPUDIAR, tendo em conta o sentimento transbordante da REALIDADE, das escolas e respetivos profissionais:
– 1. O logro dos professores cedidos a Instituições;
– 2. Relativizar a experiência e a realidade das escolas;
– 3. Confundir irritação com burnout e desmotivação;
– 4. A falácia dos professores no topo da carreira.
 
– 1. “E todos os anos o Ministério cede cerca de 2 mil professores às mais variadas instituições”
Por um lado, há a considerar que não será a inclusão de algumas centenas de professores cedidos a instituições (onde desenvolvem um trabalho socialmente necessário) e que, possivelmente, estarão em condições de regressar às escolas (trata-se de uma intenção que esbarra em protocolos e diplomas legais) que se fará face – minimamente – ao real problema: Não é com um número residual de profissionais, que se resolve a falta de professores, apenas se estará a “destapar de um lado para tapar noutro”.
Por outro lado, refletir – seriamente – sobre a gritante falta de professores que já se faz sentir e, sobretudo, acontecerá no futuro imediato (mais de 40% dos professores vão reformar-se nos próximos 10 anos), é pensar em soluções para as causas da falta de candidatos a cursos superiores no Ramo Educacional.
Qualquer solução que não tenha em conta que se trata da única classe com alta formação e, simultaneamente, com elevadíssima precaridade (idade média de vinculação, 45 anos), é realmente um caminho sério?
 
– 2. “os professores não foram formados para lidar com essa diversidade, o que gera frustração. Foram formados para serem professores de bons alunos. Os professores foram formados para dar aulas só a bons alunos. Era como formar médicos para verem só pessoas saudáveis.”
As anteriores afirmações revelam total desconhecimento sobre a realidade nas escolas, e mesmo da formação de professores, pelo menos até ao início do século quando ainda existiam estagiários com turmas. O trabalho árduo dos professores e as conquistas quotidianas conseguidas com milhares de crianças e jovens (alguns com dificuldades sociais, afetivas e cognitivas) desmonta totalmente esta nova/velha “narrativa” de que no fundo o problema são os próprios professores. A analogia com os médicos não tem qualquer sentido – e revela mais uma total desconsideração para toda uma classe -, universalmente estruturante para uma sociedade mais desenvolvida, justa e democrática.
Estará o atual ministro disposto, contrariamente ao seu antecessor, a visitar TODO o tipo de escolas pelo país? Ou seja, a conhecer uma amostra diversificada do território real que tutela?
 
– 3. “Metade dos professores sentem-se irritados”
Mais uma vez é fundamental analisar as causas não só da irritação, mas também do stress e tristeza que atinge mais de metade dos professores. O estudo referido aponta como causas, nomeadamente, o ambiente escolar, a qualidade da gestão dos agrupamentos e o envelhecimento docente. Curiosamente este Ministro continua a recusar (apesar das insistências do S.TO.P.) reuniões negociais para discutir por exemplo a avaliação docente, a gestão escolar e o envelhecimento escolar. Porque será?
Recordamos o estudo recente sobre burnout na classe docente (2018, mais de 60% dos profissionais), deixamos a pergunta: e em 2022 (com um dia de férias de interrupção letiva entre o 2º e 3º período) quantos serão?
 
– 4. “A carreira [docente] esteve parada muitos anos e só descongelou em 2018. Mas, neste momento, quem entra tem uma carreira à sua frente. Em 2018 tínhamos apenas 4% dos professores no topo e hoje temos 30%”
O programa “Polígrafo” já desmentiu cabalmente estas afirmações do atual Ministro da Educação, o qual, exercendo durante 6 longos anos as funções de Secretário de Estado de Educação, nem sequer tem a “desculpa” de ainda não dominar a pasta… Se as notas de professores mesmo “excelentes” ou “muito bons” por imposição de quotas artificiais são baixadas para “Bom”, qual a nota que um professor teria se perante uma turma apresentasse de forma tão errónea supostos factos?
A somar a tudo isto, temos as recentes profundas e lesivas alterações que o ME pretende levar a cabo relativamente à Mobilidade por Doença e aos professores contratados, o que, infelizmente, indiciam que apesar da mudança de rosto, continuamos a assistir a mais do mesmo: desconsiderações, mentiras e ataques na Educação!
 
O S.TO.P. continua, como sempre, disponível para dinamizar as lutas que os colegas decidirem democraticamente.
 
Voltamos a lançar o desafio a todos os Profissionais de Educação:
Quem quiser convocar uma reunião sindical – independentemente de ser nosso sócio – apenas terá de enviar um email para S.TO.P.SINDICATO@GMAIL.COM
 
JUNTOS SOMOS + FORTES!